sábado, 6 de abril de 2024

QUE FAZER PARA REVERTER O AQUECIMENTO GLOBAL?

Para começar é necessário e urgente assumirmos as nossas responsabilidades em vez de as delegar nuns quantos, sempre os mesmos, que no essencial tem a mesma ideologia política, a mesma visão do mundo, ainda que vistam e se apresentem como diferentes, mesmo os que se apresentam como anti-sistema, e são responsáveis pelo Estado a Que Chegámos.

Para isso, temos que nos organizar, unir, mobilizar, criar e construir um forte movimento social e popular capaz de impedir todos os projectos que estão aprovados e em apreciação das corporações da indústria fóssil, assim como reduzir drasticamente, com vista a deixar de utilizar o petróleo, gás e carvão. Porque as emissões de gases com efeito de estufa (dióxido de carbono e metano, entre outros), para a atmosfera terrestre, já provocaram alterações profundas no clima que este hoje já é totalmente diferente do que existiu durante os últimos dez mil anos. Mesmo que deixemos de utilizar de imediato, o petróleo, gás e carvão, teremos que lidar com condições climáticas muito diferentes das que existiram nos dois séculos anteriores.

Assim como, se não pararmos com as emissões de gases com efeito de estufa e a destruição dos ecossistemas e da biodiversidade, o aquecimento global continua a aumentar e, consequentemente, as zonas litorais mais baixas (ao nível do mar) vão ser inundadas, e os milhões de pessoas que nelas habitam vão ser deslocadas para outras regiões (já estão a ser deslocadas em muitas regiões - à mais pessoas deslocadas devido ao aquecimento global/alterações climáticas do que das guerras. 

Temos que levar a sério o ordenamento e planeamento do território para que sejam garantidas as condições que permitam a infiltração de água nos solos, repondo assim os lençóis freáticos, assim como o seu armazenamento para fazer face aos períodos de escassez. Tal como as florestas tem que ser compostas por muitas espécies diferentes e adaptadas às temperaturas, humidades e condições dos solos, assim como a agricultura rural e urbana.

Assim como é necessário garantir que os rios e os cursos de água corram livremente, sem barreiras nem impedimentos de qualquer espécie, garantindo a conectividade biológica (as várias espécies de peixe que se reproduzem nos rios, por exemplo, entre todas as outras formas de vida), as recargas das praias e de toda a orla costeira e impedindo a perda de território para o mar. 

Também é urgente implementar a reconversão agrícola tornando-a diversificada e rotativa para garantir a fertilidade dos solos, a qualidade da escassa água doce acessível, a segurança e a soberania alimentar, adaptada às condições locais e orientada para satisfazer as necessidades das pessoas das localidades próximas. Pondo, gradualmente, fim à produção intensiva que requer grandes quantidades de água e produtos químicos tóxicos, fatais para os insectos polinizadores, e que degradam os solos, a qualidade da escassa água doce acessível e a segurança alimentar.

Parar de imediato todos os projectos de construção de grandes parques fotovoltaicos e eólicos, e reconverter os que já foram instalados. Porque estes seguem, aprofundam e agravam esta senda destruidora dos ecossistemas e da biodiversidade. Destroem florestas, inclusive montado, flora, fauna e degradam solos, contaminam as águas superficiais e subterrâneas.

Implementar uma rede de transportes públicos gratuitos - pagos através dos impostos - em todo o território, de norte a sul e ilhas, tendo como espinha dorsal a ferrovia pesada e ligeira, que garanta a mobilidade de pessoas e bens, tendo como complementar a bicicleta a pedais, a pé e os autocarros eléctricos. 

Estas mudanças são imperiosas para assegurar a viabilidade de territórios e das pessoas que neles habitam, assim como garantir a manutenção e criação de postos de trabalho úteis e produtivos que correspondam às necessidades, expectativas e anseios efectivos das pessoas, em vez de satisfazer a insaciável ganância, lucros e acumulação de riqueza, das corporações internacionais e dos seus accionistas. 

Apresentamos medidas a implementar urgentemente, com base em estudos científicos:

> Proteger fontes e nascentes naturais;

> desmantelar barragens e barreiras de todos os tipos obsoletas, nos rios e cursos de água;

> Garantir conectividade entre zonas inundáveis e cursos de água;

> Garantir que não se constrói nos leitos de cheia, nem nos terrenos circundantes como, por exemplo, na lezíria do Tejo - que são os terrenos mais férteis, para a agricultura;

> Proteger e repor galerias ripícolas;

> Criar barreiras de floresta para travar a desertificação;

> Agricultura com espécies adaptadas ao clima;;

> Proteger dunas e zonas húmidas costeiras ;

> Proteger mangais;

> Gestão efectiva, com base na ciência, da pesca; habitações adaptadas a cheias;

> Construir habitações adaptadas a cheias;

> Proteger os recifes e os corais;

> Introduzir e ampliar a agricultura nas zonas urbanas;

> Ampliar e criar espaços verdes nas zonas urbanas;

> Adoptar pavimentos apropriados para a infiltração de água nos solos, nas zonas urbanas;

> Construir depósitos para armazenamento de água em todo o território;

> Substituir as monoculturas de plantações florestais industriais, por florestas biodiversas adaptadas ao clima;

> Aproveitar os telhados para instalar painéis solares e fotovoltaicos para aquecimento de água e produção de energia eléctrica;

> Planear, incentivar e implementar a criação de comunidades locais de produção de energia eléctrica de fontes renováveis que tornem essas comunidades auto-suficientes, e não para obter lucros.