domingo, 31 de janeiro de 2021

Banco Europeu de Investimento – a transição [insuficiente] para um Banco Climático

 A coligação de ONG’s Counter Balance lançou uma análise ao Banco Europeu de Investimento sobre a sua suposta transição para se tornar num Banco Climático da União Europeia. Apesar das boas intenções, este processo não está sequer alinhado com o Acordo de Paris permitindo, por exemplo, o investimento em expansão aeroportuária até ao final de 2022.

O relatório é elucidativo:

Análise ao roteiro do Banco Europeu de Investimento para o clima

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

A Política Agrícola Comum Europeia leva à ruína os pequenos agricultores

 

A Política Agrícola Comum está a levar à ruína, em média, 1.000 pequenos agricultores europeus por dia. Os pequenos agricultores não podem competir com as grandes empresas e são obrigados a desistir da sua actividade. Esta situação deve-se à maneira como o pacote agrícola de bilhões de euros da Europa está configurado. [1]

Ele dá a maior parte do dinheiro às grandes empresas do agro-negócio que estão a provocar a crise ambiental. São essas fazendas industriais que usam grandes quantidades de fertilizantes artificiais, pesticidas químicos e antibióticos - todos prejudiciais para a nossa saúde e o meio ambiente.

Os líderes europeus estão em negociações finais sobre este acordo (conhecido como Política Agrícola Comum - PAC) que financia as fazendas industriais nos próximos anos. [2]

Mais de 120.000 de nós já assinaram a petição pedindo à Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que se oponha a este mau negócio. Mas quanto maior ficar, mais claro ficará para ela que precisa parar com isso. Quer acrescentar o seu nome?

Adicione seu nome!

Com esperança,
David (Londres), Annemarie (Berlim), Olga (Bolonha) e toda a equipe WeMove Europe

Referências:
[1] https: //www.agriland .ie / Agriculture-news / europe-loses-1000-farms-per-day-new-Agriculture-Commissioner /
[2] https: //ec.europa .eu / info / food-farm-fishing / key-policies / common-agricultural-policy / cap-looks_en
https: //www.euractiv .com / section / Agriculture-food / news / Commission-não-descarta-fora-do-limite-retirada-em-um-estágio-posterior /
https: //www.foodandwatereurope .org / wp-content / uploads / 2020/10 / Factoryfarms_110920_web.pdf

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

 

Novo relatório | Poluidores lucram com os resgates pandémicos

A campanha Fossil Free Politics , que defende processes políticos que excluem as multinacionais de combustíveis fósseis e  na qual participamos desde o início, produziu um relatório sobre os fundos de recuperação COVID-19 capturados pela indústria fóssil.

Leiam aqui, é muito bom:

Como a indústria fóssil está a utilizar a crise da COVID-19 para nos prender à energia suja

Mais informações: https://www.fossilfreepolitics.org/

domingo, 24 de janeiro de 2021

proTEJO MOBILIZA-SE “PELA DESPOLUIÇÃO DO RIO NABÃO”, ”POR UM TEJO LIVRE” DE AÇUDES E BARRAGENS E POR CAUDAIS ECOLÓGICOS NOS PLANOS DE GESTÃO DA REGIÃO HIDROGRÁFICA DO TEJO


NOTA DE IMPRENSA

22 de janeiro de 2021

proTEJO MOBILIZA-SE “PELA DESPOLUIÇÃO DO RIO NABÃO”, ”POR UM TEJO LIVRE” DE AÇUDES E BARRAGENS E POR CAUDAIS ECOLÓGICOS NOS PLANOS DE GESTÃO DA REGIÃO HIDROGRÁFICA DO TEJO

O movimento proTEJO centrará a sua atuação durante o ano de 2021 na mobilização e sensibilização dos cidadãos da bacia do Tejo para a despoluição dos afluentes do rio Tejo, para defenderem a biodiversidade de um rio Tejo e afluentes livres de barragens e açudes, com dinâmica fluvial adequada à preservação dos fluxos migratórios das espécies piscícolas e ao usufruto das populações ribeirinhas, e pela definição de caudais ecológicos nos planos de gestão da região hidrográfica – 2022/2027, nomeadamente, à entrada do rio Tejo em Portugal na barragem de Cedilho e na Ponte de Muge, atuais pontos de controlo dos caudais mínimos da Convenção de Albufeira.

O proTEJO – Movimento pelo Tejo aprovou, em reunião do seu Conselho Deliberativo de 22 de janeiro de 2021, a estratégia e programação de atividades para o ano de 2021, que enunciamos de seguida:


Atividade

Data

Local

 

A – Iniciativas Institucionais

1.  Pedido de informação à APA sobre os resultados das amostras recolhidas em dez 2020 no açude de Abrantes e situação da poluição nos afluentes do Tejo

11/janeiro

NA

 

2.  Elaboração de iniciativa legislativa de cidadãos para a proteção dos cidadãos / ativistas ambientais para subscrição no sitio do Parlamento

março

NA

 

3.  Conferência de imprensa por videoconferência para lançamento do Memorando “Por Um Tejo Livre”

29/janeiro

NA

 

4.  Divulgação do Memorando “Por Um Tejo Livre” junto de pescadores, comunidade científica, associações , empresários regionais, instituições governamentais, organizações não governamentais e autarquias

janeiro a maio

NA

 

5.  Reuniões por videoconferência tendo em vista a divulgação das posições do proTEJO sobre a poluição, os caudais ecológicos e a importância de um rio livre com a divulgação do memorando “Por Um Tejo Livre”

5/março

NA

 

a.      Pescadores do rio Tejo

NA

 

b.     Investigadores – biólogos, eng. Ambiente, hidráulica, florestas

 

c.      Organizações Governamentais e Não Governamentais

 

d.     Autarquias

 

e.      Decisores políticos (governo, autarquias e parlamento)

 

6.  Apresentação de alegações na participação pública do projeto de Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Tejo a ser apresentado pela Agência Portuguesa do Ambiente em janeiro de 2021

janeiro a junho

NA

 

7.  Campanha de angariação de adesões ao proTEJO

início em janeiro

NA

 

B - Sensibilização Ambiental

8.  Realização de parcerias com movimentos cívicos e ambientalistas (Greve Climática, Climáximo, etc.)

janeiro a dezembro

NA

 

9.  Ação junto da comunidade escolar Educação Ambiental – “Água e Rios” - Teatro infantil / juvenil sobre ecologia e o rio Tejo

janeiro a dezembro

Escolas / Municípios

 

10.      “Vogar Contra a Indiferença” – “Pela despoluição do rio Nabão” – Descida de Canoa do rio Nabão – Sobreirinho/Tomar – 7 km

15/maio

Tomar

 

C - Mobilização Cívica

11.      Demonstração “Por Um Tejo Livre” – 22 de maio de 2021 em frente ao Ministério da Agricultura em Lisboa durante a realização da “2.ª Edição da Cimeira Europeia dos Rios - 2021” (European Rivers Summit 2021 https://riverssummit.org) destinada a ativistas de luta anti barragens

22/maio

Lisboa

Ministério da Agricultura

 

12.    Demonstração por um regime de caudais ecológicos nos Planos de Gestão da Região Hidrográfica do Tejo

18/setembro

Lisboa Ministério do Ambiente

 

D – Conhecimento Ambiental

13.      Participação na “2.ª Edição da Cimeira Europeia dos Rios - 2021” (European Rivers Summit 2021 https://riverssummit.org) destinada a ativistas de luta anti barragens

22/maio

Lisboa Fundação Gulbenkian

 

14.      “Tejo Vivo e Vivido – Seminário para a recuperação do rio Tejo e seus afluentes”, sob o tema “A biodiversidade, os ciclos ecológicos e os rios livres”

16/outubro

Vila Nova da Barquinha

 

15.  Encontros com o Tejo e Educação Ambiental – ““Turismo de natureza no Tejo como polo de desenvolvimento regional” - Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Santarém

13/novembro

Santarém

Presencial / Online

 

16.    Jornadas sobre “Direito ambiental dos recursos hídricos” dirigida a juristas e magistrados

11/dezembro

A determinar

 

Bacia do Tejo, 22 de janeiro de 2021

COVID-19: Tecnologias de vacinas sob o microscópio

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

 

Por uma política monetária sem fósseis – João Reis

Na sequência da crise económica desencadeada pela Covid-19, os principais bancos centrais a nível mundial enveredaram por uma política monetária com poucos precedentes. O Banco Central Europeu (BCE) não é exceção, e os números são expressão deste novo ativismo.

Em dezembro, o programa de compras de ativos financeiros PEPP – Pandemic Emergency Purchase Pogramme chegou a um total de 1,85 biliões de euros. Ao longo do ano, foi lançando um volumoso programa de financiamentos de emergência à banca comercial, com maturidades até três anos. Assim, a quantia de euros “criada” para colocar na economia foi colossal, e o reflexo disto é o balanço do BCE.

Tudo somado, o balanço do BCE subiu em quase 2,5 biliões de euros ao longo do ano de 2020, atingindo os 7 biliões, 69% do PIB anual da zona euro. Para efeitos de comparação, em 2010 valor do balanço encontrava-se em cerca de 2 biliões. Após vários anos com tendência de aumentos, o ano de 2020 trouxe uma subida quase sem precedentes.

 

Tendo em conta o prolongamento da crise económica resultante da Covid-19, a injeção de fundos não deverá ficar por aqui. Julgando pela experiência dos pacotes de estímulos dos anos anteriores, este dinheiro não deverá ser retirado da economia “real” tão cedo, e os atores políticos contam que esta dure mais tempo.

A quebra económica teve poucos precedentes, e o ativismo do BCE acompanhou-a. Assim, conseguiu-se para já defletir um colapso nos preços dos ativos financeiros e uma onda de insolvências por toda a economia, possibilitando políticas como as moratórias ao crédito.

A política massiva do BCE foi eficaz a impedir o aparato económico de se estilhaçar, no entanto, vivemos num tempo em que uma parte do aparato económico deve ser desmantelado e substituído. O setor da energia ligado às emissões de gases com efeito de estufa tem de passar à história, e a produção de energia por fontes renováveis tem de tomar o seu lugar.

Com as emissões de gases com efeito de estufa a apresentar sucessivos aumentos – só interrompidos pelas crises económicas – as concentrações destes na atmosfera deixam-nos poucos anos para reconverter as formas como produzimos (e consumimos) energia. Um sistema energético alimentado por energias renováveis, acompanhado de um paradigma diferente em setores como os transportes, agricultura e floresta é crucial para evitar o colapso das condições de habitabilidade do planeta.

Não seria difícil conceber um cenário em que a política do BCE tivesse canalizado os recentes fundos em quantias massivas não só para impedir o colapso generalizado da economia, como também para realizar a transição energética necessária.

No entanto, essa possibilidade esbarraria com o que é a atuação do BCE ao longo dos anos – os programas de estímulos através de compras de ativos a privilegiarem setores fósseis. Junta-se a isso a impossibilidade de a política monetária só por si ser capaz de subverter o apoio já dado pelos governos às indústrias fósseis. Ao longo dos anos às indústrias fósseis foram erguidas pelos governos, e os próprios programas de estímulos fiscais dos últimos meses certificaram-se que setores altamente poluentes se mantêm de pé.

Uma transição energética terá de passar por programas holísticos dos Estados, abordando as várias fases de produção e utilização de energia, algo além daquilo que um banco central pode fazer isoladamente através de ajustes cirúrgicos na sua política.

Fechar uma central de energia com fontes fósseis e construir no seu lugar uma baseada em fontes renováveis é uma tarefa que tem de ser empreendida pelos Estados. O apoio da política monetária surgirá depois disso.

Os programas de transição energética serão sempre dispendiosos. As possibilidades de atuação dos bancos centrais trazidas ao de cima recentemente, conjugadas com o contexto de depressão económica em que vivemos, abrem o espaço para estes apoiarem planos massivos e cruciais dos governos para efetuar a transição energética.

Durante estes meses, quantidades enormes de dinheiro passaram ao lado de (ou jogaram mesmo contra) uma transição energética. Isto constitui uma derrota para preservar um planeta habitável. O tempo para fazer uma transição energética é limitado e as oportunidades para a fazer vão escasseando. Não sobrarão muitas mais oportunidades para nos depararmos com uma derrota esmagadora e definitiva.

Isto não é progresso, é genocídio ambiental - Casey Camp Horinek

A minha tribo realiza um funeral todas as semanas para as pessoas mortas por combustíveis fósseis. Isso não é progresso – isto é genocídio ambiental

Os nossos poços estão tão poluídos que a nossa tribo agora tem que comprar água.

A nossa terra é tão tóxica que os alimentos orgânicos não podem ser cultivados num raio de 16 milhas.

Casey Camp Horinek Segunda-feira 04 de Janeiro de 2021 08:26

 

Polícia militarizada a 27 de Outubro em Standing Rock. Foram presos 141 membros da tribo Ponca Nation, enquanto tentavam pacificamente travar o Oleoduto Dakota Access. (Ryan Vizzions)

 

Como membra da Nação Ponca, a viagem que a minha família fez, desde a nossa terra natal para o que se tornaria hoje em dia o Oklahoma, ocorreu em 1877. O meu avô tinha oito anos quando foi obrigado a andar, sob ameaça de baioneta, desde Dakota do Sul com os seus pais e avós. Centenas de tribos foram forçadas a percorrer muitas “Trilhas de Lágrimas” em todo o país.

Milhões não sobreviveram à viagem, mas a devastação do espírito e da cultura ficou como parte da nossa memória genética. Permanece também o nosso conhecimento ancestral que nos permite viver em equilíbrio com a Terra e a filosofia que nos guia para cuidar das próximas sete gerações.

Avançando para os dias de hoje. O movimento “Land Back” está a ganhar reconhecimento popular e as estátuas racistas e nomes de equipas desportivas estão a desaparecer. Apesar destes progressos, a administração do Trump, os governos estaduais e a indústria de combustíveis fósseis estão a atentar à maior apropriação de terras indígenas desde o ‘’Indian Removal Act’’ de 1830.

Além disto, o relógio climático continua a esgotar-se enquanto os americanos continuam a debater-se com a saga contínua das eleições presidenciais e o aumento das mortes da Covid-19. Sob o manto de uma pandemia e ansiosa por uma última golfada de ar, a indústria de combustíveis fósseis tem fechado acordos para o controlo das terras indígenas com o governo cessante de Trump, e os seus aliados do Partido Republicano no Congresso.

Do refúgio Ártico ao ‘’Bayou’’, não é novidade para os povos indígenas que tantas atividades de petróleo e gás sejam colocadas nas suas terras tribais ou perto delas, contaminando o solo, rios, aquíferos e o ar, ao mesmo tempo que agravam a crise climática e afetam diretamente a saúde da comunidade. Somos considerados “comunidades de sacrifício”.

O Oklahoma tornou-se num estado dependente da indústria dos combustíveis fósseis. Hoje é o lar da maior convergência do mundo de oleodutos e gasodutos em envelhecimento e de milhares de terremotos provocados pelo homem devido ao fraturamento hidráulico. Na minha pequena tribo Ponca, nós realizamos um funeral quase todas as semanas devido a morte por doenças relacionadas com os combustíveis fósseis. Todas as nossas famílias têm vários casos de asma, doenças cardiovasculares e cancros originados pela actividade industrial. Os nossos poços estão tão poluídos que a nossa tribo agora tem que comprar água. A nossa terra é tão tóxica que os alimentos orgânicos não podem ser cultivados num raio de 25km. Eles chamam a isto progresso económico. Nos chamamos genocídio ambiental.

Em Julho de 2020, parecia que a mudança estava a caminho. Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal reafirmou que grande parte do leste de Oklahoma está dentro das reservas indígenas. Esta decisão é conhecida como a decisão ‘’McGirt’’, e teve vastas implicações tais como, a reafirmação da soberania tribal sobre a legislação ambiental. Mas a anulação desta vitória já tinha sido planeada 15 anos antes.

Poucos dias após a decisão do Supremo Tribunal e em consulta com a ‘’Petroleum Alliance of Oklahoma’’, o Governador Kevin Stitt (R-OK) detonou uma granada ambiental há muito escondida. Em 2005, o Senador Inhofe (R-OK) discretamente anexou um “Midnight Rider” a um projeto de lei, que não estava relacionado com questões ambientais, e que dava ao estado e à EPA, autoridade ambiental sobre as terras tribais. Em agosto, devido a pandemia do Covid-19 a maioria dos escritórios tribais em todo o estado fecharam. Nesse momento, os governos tribais foram informados por correio que teriam poucos dias para “comentar” a aquisição da EPA. Pouco depois, infringindo sobre o nosso direito ao consentimento prévio e informado, o administrador de Trump da EPA, Andrew Wheeler, comunicou que as tribos foram “consultadas” – o que não reflete, de maneira nenhuma, que qualquer consentimento tenha sido dado. E o negócio foi simplesmente fechado. Mas o Governador Stitt ainda quer muito mais.

Foi revelado num memorando ao Congresso chamado “One Oklahoma”, que Stitt está a trabalhar para retirar a soberania reconhecida federalmente às 39 tribos existentes. Este plano abre caminho para um maior desenvolvimento da indústria do petróleo e do gás. Este memorando é coassinado por vários aliados de Trump, nomeadamente o “Padrinho do Fracking“, o multibilionário Howard Hamm da Continental Resources, uma das maiores empresas petrolíferas independentes do país. Mas, mais do que isso, ameaça retirar os nossos direitos do tratado, a nossa herança e cultura – e é o plano base para retirar os direitos dos povos nativos em todo o país.

A luta pelos direitos indígenas nunca foi tão importante para toda a humanidade como é agora. Não é por acaso que mais de 80 por cento das florestas intactas e da biodiversidade remanescentes do mundo são em terras indígenas. Somos líderes globais dos movimentos verdes, incluindo dos Direitos da Natureza, que confere estatuto legal aos ecossistemas. A minha própria tribo, com a ajuda de grupos como o Movement Rights, foi a primeira nos Estados Unidos a reconhecer que em terras tribais, a natureza – da qual os humanos fazem parte – tem o direito legal de existir e regenerar os seus ciclos vitais.

Em 2016, Mni Wiconi, ou a “Água é Vida”, entrou no espaço lexical americano quando centenas de milhares de pessoas juntaram-se aos povos nativos na Reserva Standing Rock. Nós viemos para impedir que o oleoduto DAPL passe sob o rio Missouri, para proteger a água sagrada em nome das seis tribos e dos 17 milhões de americanos que vivem aqui. Muitos de nós enfrentaram canhões de água da polícia, num ambiente de temperaturas muito baixas; fomos marcados com números nos braços, com canetas de tinta permanente, e aprisionados em jaulas para cães. O meu número era o 138. O número do meu filho era o 4838. Depois da manifestação em Standing Rock, muitos estados aprovaram leis que criminalizam os protestos contra as atividades de combustíveis fósseis, incluindo em Oklahoma.

Nós vamos sempre por os nossos corpos em risco para proteger a fonte de toda a vida, a Terra e as gerações futuras, incluindo a tua. As soluções para um futuro verde baseado na vida em equilíbrio com a Terra já existem, e os povos indígenas detêm o conhecimento ancestral essencial para essa mudança. Nós vamos lutar contra o One Oklahoma nos tribunais, no Congresso, assinando petições e nas linhas de frente. Nós precisamos que te juntes a nós. Afinal, não somos humanos a proteger a natureza; nós somos a natureza, protegendo-se a si mesma.

Casey Camp Horinek é uma anciã e embaixadora ambiental da Nação Ponca de Oklahoma e lidera as campanhas do Movimento de Direitos de Oklahoma e dos Direitos Indígenas da Natureza

Texto original: https://www.independent.co.uk/voices/fossil-fuels-trump-land-tribes-b1781438.html

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Perigos do acordo UE-Mercosul

Via TROCA - Plataforma por um Comércio Justo 

A organização Friends of the Earth produziu um curto folheto onde expõe os perigos do acordo UE-Mercosul. 

O folheto aborda 4 tipos de perigos: 

> a forma como o acordo vai contribuir para agravar as alterações climáticas;

> a forma como vai contribuir para acentuar as desigualdades;

> a forma como ameaçará os Direitos Humanos; 

> os perigos que coloca em termos de saúde pública devido às questões alimentares. 

A TROCA elaborou uma tradução para português do folheto. A organização FERN também produziu um curto folheto no qual denuncia os perigos do acordo UE-Mercosul para as florestas tropicais, para a biodiversidade e para as comunidades indígenas. O folheto consegue sintetizar e tornar acessível a pesquisa disponível num relatório da Imazon a que já tínhamos feito alusão. 

Continua a valer a pena assinar a petição da rede STOP UE-Mercosul Pt.

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

O desaparecimento maciço e silencioso dos polinizadores selvagens/naturais

A situação talvez seja ainda mais séria do que pensávamos. Enquanto a Lista Vermelha Europeia da IUCN mostra que 37% das espécies de abelhas (1) e 31% das espécies de borboletas diurnas (2) estão em declínio ... … Que a maior parte destes insetos essenciais são endémicos da Europa, ou seja, se desaparecessem no nosso continente, desapareceriam definitivamente da superfície do globo … (3) … Análises realizadas na Alemanha sugerem que este declínio também está ocorrendo em regiões protegidas, como parques nacionais e regionais (4) especialmente concebidos como refúgios para a biodiversidade ameaçada principalmente pela intensificação da agricultura industrial! Por outras palavras: a ténue rede de segurança que nossas civilizações colocaram para garantir um reservatório de biodiversidade preservada no caso de ser massacrada pelo descontrole de nosso estilo de vida, talvez já esteja obsoleta ... … E nada pode alcançar a extinção dos polinizadores e o colapso em cascata das cadeias alimentares que resultará disso! A diversidade de plantas com flores já está em rápido declínio devido à falta de polinização em mais de 80% dos locais estudados no Reino Unido e na Holanda (5) ; e internacionalmente, uma em cada cinco plantas está ameaçada de extinção (6). Em algumas partes do mundo, os cientistas já medem as consequências da perda da polinização no empobrecimento dos agricultores e de suas famílias (7) ... ... e soar o alarme sobre as deficiências nutricionais e as mortes que ocorreriam em todo o planeta, inclusive nos países mais ricos, no caso do desaparecimento dessas preciosas forrageadoras (8) , responsáveis ​​pela reprodução de mais de 80 % de frutas, vegetais e plantas aromáticas que precisamos comer adequadamente (9). Muitas pessoas, incluindo nossos políticos, acreditam que esse declínio é, se não reversível, pelo menos recuperável . Que podemos permitir a reautorização de pesticidas que são notoriamente tóxicos para abelhas e polinizadores selvagens , como a França fez recentemente com os neonicotinóides ... ... porque as pequenas reservas naturais que se instalaram em certas regiões preservadas permitirão em poucos anos repovoar todo o território e substituir os polinizadores sacrificados para preservar os benefícios dos gigantes agroquímicos ... Os números que nos chegam da Alemanha tendem a mostrar que não é assim : é possível, pelo contrário, que os insetos dizimados sejam para sempre! Se essas revelações forem confirmadas em França, elas poderiam definitivamente pôr fim aos pequenos arranjos de lobbies da agroindústria com as autoridades ... ... e finalmente acelerar a transição essencial para um sistema agrícola que respeite os ecossistemas e a biodiversidade da qual depende! Diante das evidências contundentes de um colapso iminente - e irreversível - de nosso sistema de produção de alimentos, que dirigentes ainda ousariam afirmar que é mais importante defender um interesse económico particular e de curto prazo ?! Fonte: www.POLLINIS.org

Informação a que não podemos ficar indiferentes

 Via Climáximo

Direitos de exploração de petróleo no Alaska com pouca procura

Num dos seus derradeiros atos como Presidente, Trump vendeu o direito a 11 terrenos para a exploração de petróleo, mas os gigantes do setor não parecem ter demonstrado grande interesse. 9 dos direitos foram vendidos a uma agência governamental e 2 a pequenas empresas. O valor da venda dos direitos foi menos de 1% do que se esperava obter. O ceticismo sobre a capacidade de explorar estas zonas dada a forte oposição de ativistas é apontado como causa do fraco interesse.

Biden deverá enterrar a Keystone XL Pipeline logo na tomada de posse

A informação parte de fontes próximas do novo Presidente dos Estados Unidos da América. Este projeto teria como objetivo transportar explorações de areias betominosas desde as florestas boreais do Canadá às refinaria nos Estados Unidos no Golfo do México. Este projeto já tem 15 anos, tendo sofrido avanços e recuos. Além desta decisão, Biden também deverá quase imediatamente reinserir os EUA no Acordo de Paris

TAP propõe o despedimento de 458 pilotos

Segundo o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), a TAP apresentou uma contraproposta que inclui a dispensa de 458 pilotos e redução de remunerações. O plano de reestruturação da TAP entregue à Comissão Europeia, prevê o despedimento de 500 pilotos, 750 tripulantes de cabine, 450 trabalhadores da manutenção e engenharia e 250 das restantes áreas. O plano prevê, ainda, a redução de 25% da massa salarial do grupo e do número de aviões que compõem a frota da companhia, de 108 para 88 aviões comerciais.

Ministro do Ambiente ataca Galp no Parlamento

João Matos Fernandes disparou por todos os ângulos. Afirmou que as despesas da descontaminação dos solos e do fim dos postos de trabalho em Matosinhos é responsabilidade da Galp, não indo esta beneficiar de fundos Europeus para o efeito. Afirmou que a principal preocupação da empresa não é a transição energética mas a falta de clientes para as duas refinarias. Mostrou surpresa por a empresa ter informado a decisão de encerramento primeiro ao mercado, e só depois aos trabalhadores. Sublinhou ainda “É mau, está mal que assim seja feito. Não é assim que se faz. Fui gestor muitos anos e não procederia assim”.

Galp entra na exploração de lítio

Galp entra no negócio do lítio, pagando 5,2 milhões de euros por 10% de empresa subsidiária da Savannah que detém a concessão de lítio das Covas do Barroso. Está também garantido um acordo de fornecimento garantido à Galp de até 50% do lítio que a Savannah extraia em Portugal. Questionada sobre o destino que dará a este lítio, a Galp não quis confirmar se vai avançar para a construção de uma refinaria. A Savannah submeteu em Junho do ano passado, à Agência Portuguesa do Ambiente (APA), o relatório síntese do Estudo de Impacte Ambiental, bem como o Plano de Lavra para a exploração de lítio na Mina do Barroso. O projecto ainda aguarda luz verde para avançar no terreno.

Além do Lítio, Galp aponta para o hidrogénio com novo presidente executivo

Sai Carlos Gomes da Silva, entra Andy Brown, antigo gestor da Shell e consultor de startup de hidrogénio para aviões. A sua nomeação deve ser confirmada em assembleia geral a realizar este ano e na qual se antecipam mais mexidas na comissão executiva da Galp. Em intervenções publicas anteriores, este novo gestor da Galp aponta como o caminho para a descarbonização “eletrificar rapidamente, temos de cultivar biocombustíveis, temos de aumentar de forma massiva a captura e armazenamento de carbono”, ou seja, insiste ou em medidas ineficientes, ou em falsas soluções.

Ministro do Ambiente insiste na mineração de lítio

João Matos Fernandes disse que a intenção do Governo é que seja instalada uma refinaria de lítio em Portugal. Esta serviria para prepara lítio para a fabricação de baterias para carros elétricos. A suposta localização não está definida, mas Vila Pouca de Aguiar e outras autarquias já exprimiram o desejo de ter esta refinaria. Assim, em nome da transição energética e da criação de postos trabalho, o plano de esburacar Portugal segue me marcha.

Preços do Petróleo sobem acima dos 50 doláres no mercado Americano

O preço do petróleo passou os 50 dólares pela primeira vez desde a crise do coronavirus. Esta subida foi em parte ajudada pela promessa da Arábia Saudita de reduzir a sua produção de crude. Esta subida vem na sequência de um ano de baixos preços, tendo mesmo o petróleo chegado a transacionar a valores negativos em Abril do ano passado. No entanto, o setor fóssil da exploração de xisto – dependente de valores mais altos para poder ser operável – não conta voltar para já a produzir.

Governos de Itália dos Países Baixos entre o colapso e eleições antecipadas

Em Itália, Matteo Renzi, retirou o apoio do seu partido Viva Italia ao governo de Conte. Em causa, está a atuação do governo na resposta à pandemia e a utilização dos fundos económicos para a combater. Para se manter no governo, Conte terá que encontrar novos apoios de partidos pequenos e deputados independentes. Para já eleições antecipadas não estão à vista, podendo o Presidente Sergio Mattarela tentar formar um novo governo sem Conte.

Já nos Países Baixos, uma crise deflagrou devido a um escândalo sobre falsas acusações de fraude a famílias que receberam subsídios do estado. Tendo acusado estas famílias de receberem os rendimentos de forma fraudulenta, o estado obrigou estas a devolver milhares de euros. Muitas destas famílias foram conduzidas à ruína financeira, dívida, divórcios, interrupção de estudos, entre outras consequências nefastas. Com a pressão a acumular-se, Mark Rutte retirou-se, depois de quase 10 anos no poder. O governo mantém-se em funções até às eleições agendadas para Março.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Radar Climático – 13 de Janeiro

A temperatura média à superfície do planeta foi 1,25ºC mais quente do que a média pré-industrial. Basicamente empatou com 2016, sendo que este teve o El Niño, que acrescenta temperatura, sem o qual 2020 seria sem ambiguidades o ano mais quente de sempre. Assim, os últimos 6 anos foram os 6 mais quentes de que há registo. No caso da Europa, foi o ano mais quente de que há registo, com temperaturas 1,6ºC acima da média de longo prazo, num ano marcado por uma onda de calor em países como a França. No que toca ao Ártico e ao norte da Sibéria, as temperaturas tiveram 3ºC acima da média de longo prazo, chegando este excesso aos 6ºC em algumas áreas. Esta zona do planeta é crítica, podendo desencadear fenómenos de retro-alimentação, como fogos florestais, libertação de metano e redução do albedo que mantém as temperaturas mais baixas. Em 2021, a concentração de CO2 na atmosfera deverá passar uma marca histórica, ultrapassando as 417 partes por milhão, ficando 50% acima da média pré-industrial.

Os dados são avançados pela “Munich Re”, uma resseguradora. Estes danos foram resultado sobretudo de furacões e fogos florestais. Em 2020, o custo dos danos causados por estes fenómenos duplicaram nos Estados Unidos, em relação ao ano anterior. Este passou a ser o terceiro pior ano desde 2010. A temporada de furacões foi excepcionalmente forte: além de contar com um número maior deste fenómenos, as alterações climáticas estão a fazê-los abrandar quando atingem o continente, causando mais danos nas densamente povoadas zonas costais. Já os fogos florestais não se ficaram pela Califórnia, chegando ao Oregon, onde cerca de 4.000 casas foram destruídas.

A vaga de frio que atingiu Portugal continental tem conduzido a falhas de electricidade. Em especial na zona da Grande Lisboa, os altos consumos de electricidade para aquecer as habitações têm levado a cortes nas linhas de baixa tensão. O incremento do tele trabalho nas últimas semanas também poderá estar a contribuir para esta tendência. A REN – que gere a distribuição de energia –  assinalou na terça-feira, que no dia 6 de Janeiro, tanto o consumo de electricidade quanto o de gás natural atingiram novos máximos históricos. O novo pico de consumo de electricidade foi atingido às 20h00, com 9.546 megawatts (MW).

A noite de 5 para 6 deste mês foi a mais fria da história da Espanha e da Península Ibérica. O recorde de temperatura mínima foi atingido na região da Catalunha, registando temperaturas de -34,1ºC. Este registo foi atingido num ponto nos Pirenéus centrais localizado a 2.305 metros de altura. Só em 1956 os termómetros tinha, descido tanto, atingindo na altura os -32ºC.

A maior empreitada de sempre adjudicada no final de 2020 pela Câmara Municipal de Lisboa será destinada a proteger a cidade de chuvas e cheias. A empreitada de 133 milhões de euros consistirá em túneis de drenagem de Lisboa, integrados num complexo sistema que percorre toda a cidade. As obras devem arrancar já no mês de Março e prolongam-se até meados de 2024. Este tipo de fenómenos deverá ser cada vez mais frequentes com o avanço das alterações climáticas. Assim, ação é tomada para acomodar as alterações climáticas, mas não para as evitar.

Um grupo de autarcas, empresários e especialistas técnicos da zona norte de Portugal enviou um pedido de audiência para debater a solução encontrada pelo Governo para a requalificação da rede ferroviária nacional. Estes contestam a continuidade da bitola ibérica, que continuará a obrigar ao transbordo de passageiros e mercadorias para transporte além-Pirinéus, assim deixando inalterada a situação de isolamento nacional em termos ferroviários.

Enquanto se ia confirmar Joe Biden como Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump incentivou através das redes sociais uma multidão de manifestantes a entrar no capitólio americano. Isto acontece na sequência de meses com Trump a reclamar por uma suposta fraude eleitoral que lhe terá roubado a presidência dos Estados Unidos. Os políticos presentes no Capitólio tiveram que fugir, enquanto a multidão vandalizou escritórios, partiu janelas, roubou vários objetos e vários manifestantes posaram para fotografias na Câmara do Senado à vez. A presença policial face à quantidade de manifestantes foi especialmente baixa, e existem vários indícios de que esta terá mesmo facilitado a entrada da multidão. Uma mulher acabou baleada e morta nos confrontos dentro do Senado. Entretanto Joe Biden foi confirmado como Presidente dos Estados Unidos da América e várias redes sociais baniram Donald Trump.

No que constitui a maior descoberta de gás na Indonésia dos últimos 18 anos, a Repsol recebeu autorização para avançar com o seu plano de desenvolvimento do Bloco Sakakemang. A petrolífera, que prevê investir cerca de 260 milhões de euros no arranque deste campo e reforçará a prospecção durante o próximo ano. A existência de uma rede de gasodutos no Sul de Sumatra facilita o processo, sendo que a distância relativamente curta permite que a produção de petróleo e gás de Sakakemang seja escoada rapidamente.

O grupo norueguês DNV GL anunciou ter-se retirado dos trabalhos de verificação e de certificação do projeto do gasoduto Nord Stream 2 entre a Rússia e a Alemanha. Isto acontece face ao risco de sanções da administração norte-americana. DNV GL foi contratado para controlar e validar a qualidade das obras de assentamento do gasoduto, tanto do ponto de vista técnico como de segurança. No entanto. os Estados Unidos da América não vêem com bons olhos o aumento da dependência dos europeus face ao gás russo e à influência de Moscovo, tendo assim avançado diplomaticamente contra o projeto.

Numa das maiores operações judiciais no Reino Unido, mais de 1.000 pessoas que fizeram parte das ações do Extinction Rebellion (XR) foram levadas a tribunal. Advogados dos arguidos afirmam que a escala de acusações e forçar de julgamentos mesmo durante a pandemia não tem precedentes. O Extinction Rebellion afirma que mais do que 3.400 pessoas foram detidas, com cerca de 1.700 acusadas, quase todas por delitos menores como obstrução de vias. Cerca de 900 pessoas foram consideradas culpadas e outras 800 foram julgadas ou estão a aguardar julgamento. Investigadores que têm seguido os casos em tribunal afirmam que acusar tantas pessoas por ofensas menores é altamente invulgar, e apontam para pressão possível do governo, dado a ministra do interior ter anteriormente apontado o XR como um grupo de criminosos que coloca em causa “o modo de vida do Reino Unido”.