domingo, 26 de junho de 2011

É Tempo de Cidadania

Foi em 2009, a 20 de Junho, que se realizou uma manifestação, em Talavera de la Reina, que juntou 40.000 cidadãs e cidadãos exigindo um rio Tejo limpo, com caudal e sem transvases. POR UM TEJO VIVO. Já passaram dois anos, o processo está actual e contínua a exigir que a cidadania assuma as suas responsabilidades. 

O nosso rio também exige a nossa atenção e como afluente do Tejo obriga-nos a olharmos mais longe, o que se passa num tem influência directa imediata, a médio e a longo prazo no outro. É tempo de cuidar da riqueza que nos foi legada e não a desbaratar em nome de um pretenso desenvolvimento.

Sim, porque destruir as potencialidades e as riquezas naturais, que são escassas e perecíveis, não é efectivo progresso humano, social, económico e financeiro, mas sim um retrocesso civilizacional. 

A problemática da água como bem natural e escasso é de uma importância estratégica que não pode ser encarada de ânimo leve, é imperioso que as instâncias centrais, ouvindo e debatendo seriamente com as regionais e locais, assim como sensibilizando, mobilizando e envolvendo activamente a cidadania, através dos mais variados movimentos e associações representativas dos vários sectores, definam estratégias claras e viáveis para a gestão da água em todas as suas dimensões.

Não é razoável descartar responsabilidades, por exemplo; transferir a responsabilidade da limpeza e manutenção dos rios para os proprietários das terras envolventes. Esta e outras questões relacionadas com a gestão dos recursos hídricos são mais complexas; requerem conhecimento científico, técnico e recursos económico-financeiros que os pequenos e médios proprietários não comportam.

Vamos persistir na exigência de um desenvolvimento e ordenamento territorial integrado: onde efectivamente as pessoas sejam a prioridade das prioridades; em que o conhecimento científico e os avanços técnicos que possibilitam a sua concretização estejam ao serviço da humanidade e não de interesses mesquinhos.

A realidade com que estamos confrontados convoca-nos, é tempo de dizer presente, não podemos abandonar as próximas gerações, o futuro constrói-se hoje.

António Costa