terça-feira, 2 de abril de 2024

AQUECIMENTO GLOBAL - O QUE É

A crise climática

 

A crise climática resulta da acumulação de gases de efeito estufa (GEE), como dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, na atmosfera. Estes gases agem como uma espécie de “cobertura” para a Terra, impedindo que o calor escape para o espaço, aumentando a temperatura média do planeta, e provocando alterações nos padrões climáticos. 

As emissões de GEE que estão a criar alterações climáticas têm a sua origem nas atividades humanas, como a queima de combustíveis fósseis, atividades agrícolas, deflorestação e processos industriais². A queima de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás é a maior causa de emissão de GEE na atmosfera. Mas as contribuições dos processos industriais, a gestão de resíduos e o uso de gases fluorados não devem ser esquecidas. Também alterações no uso do solo provocadas por exemplo por deflorestação, para suportar a extensão de campos agrícolas e áreas urbanas, contribuem para as alterações climáticas³. 

Segundo o IPCC, a temperatura média global já aumentou 1,09 ºC acima dos níveis pré-industriais. Ao considerar cinco cenários hipotéticos de emissões ao longo das próximas décadas, o aumento da temperatura da Terra alcançará ou excederá os 1,5 ºC no futuro próximo, (até nos cenários que contabilizam menores emissões no futuro), e alcançará ou excederá os 2 ºC até 2100 em três dos cinco cenários. 

A crise climática é, e será, caracterizada pela existência de fenómenos de retroalimentação positiva, também conhecidos como mecanismos de feedback positivo. Um exemplo é o degelo das calotas polares. O degelo contribui para uma diminuição na quantidade de superfície reflexiva aos raios solares, o que, por sua vez, contribui para aumentar as temperaturas, e, consequentemente, a uma maior intensidade do degelo, assim criando um ciclo de feedback positivo que acelera ainda mais o aquecimento do planeta e ameaça torná-lo irreversível. Outros exemplos de mecanismos de feedback são o degelo da camada de permafrost rica em carbono e o colapso da floresta Amazónica, entre muitos outros. Estes fenómenos são alarmantes pois aceleram exponencialmente e tornam difícil de prever e travar todas as consequências desta crise. 

As emissões globais de GEE continuam a aumentar, tendo atingido os 54,6 mil milhões de toneladas de equivalentes de dióxido de carbono em 2021. Isto corresponde a mais 40% do que as emissões em 1990. O consequente contínuo aumento da temperatura média da Terra provocará danos reversíveis de gravidade crescente no futuro, como a perda de ecossistemas inteiros, migrações em massa de pessoas, e escassez de alimentos e água. As alterações climáticas terão também impactos como conflitos sociais, políticos e geopolíticos. A crise climática põe em risco a nossa sobrevivência neste planeta. 

Os efeitos das alterações climáticas vão sendo cada vez mais sentidos. A nível mundial, dos 10 anos mais quentes de sempre, desde que há registos, nove ocorreram desde 2010. Em Portugal, dos 30 anos mais quentes em Portugal continental, entre 1931 e 2021, 21 ocorreram depois de 1990 e 14 depois de 2000⁴. 

A pior seca da história recente no Corno de África tem trazido fome e fomentado conflitos e instabilidade política⁵; entre 2019 e 2020, a Austrália foi devastada por fogos florestais que, além de libertarem dióxido de carbono, ainda poderão ter afetado padrões climáticos⁶; várias regiões costeiras têm sido cada vez mais afetadas por furacões devido ao aquecimento da superfície dos mares, como nos casos do furacão Katrina em 2005 nos EUA e dos vários furacões devastadores em Moçambique no ano de 2019⁷ ⁸. 

Em Portugal, enfrentamos uma diminuição do volume de chuva e um aumento da temperatura média, o que tem afetado a produção agrícola e a disponibilidade de água. Sofremos ondas de calor mais frequentes e secas prolongadas, como a de 2022 que se prolonga por 2023, e grandes incêndios florestais mortíferos, como os de 2017. Os efeitos já chegaram aos alimentos, com a seca a provocar recentemente a inflação nestes produtos essenciais⁹. Portugal também é um dos países que será mais afetado pela subida do nível das águas do mar¹⁰. Nas últimas semanas do verão de 2023, quase todo o território português se encontra em seca, registou-se mais uma temporada intensa de incêndios florestais e ondas de calor fizeram as temperaturas superar os 40ºC em quase todo o território continental do país.

Transcrito de: 

https://www.empregos-clima.pt/wp-content/uploads/2023/09/relatorioSITE.pdf