sexta-feira, 25 de março de 2022

Linhas da Frente – Gabriela | Reflexões do 7º ENJC

Esta reflexão foi escrita por Gabriela no seguimento do 7ª Encontro Nacional pela Justiça Climática. Tem como base a sessão “Linhas da frente no sudoeste alentejano” e diversas conversas e debates que aconteceram ao longo do evento.


Na sessão “Linhas da frente no sudoeste alentejano” estiveram presentes a Climáximo, os Juntos pelo Sudoeste, Dunas Livres, Movimento Alentejo Vivo e Tamera no que foi , principalmente, um momento de partilha e divulgação. Apesar de existirem diferentes direções de trabalho e preocupações apresentados por cada coletivo todos “lutavam” contra o mesmo, as falsas soluções e a falsa transição justa. Após uma enumeração chocante dos vários ataques à biodiversidade de habitats protegidos ficou claro, para quem ainda não era, que esta área está crescentemente a tornar-se alvo de uma exploração extrativista desenfreada por corporações que têm a justiça climática como sua última prioridade.

Seguimos então com a partilha das batalhas e respostas de cada grupo. Defrontados com o iminente desenvolvimento imobiliário, turístico e urbanístico de luxo em áreas protegidas entre Melides e Tróia, Dunas Livres apresentou uma petição de carta aberta pela preservação do património natural da península de Tróia que pede a reavaliação de projetos, nomeadamente, para a construção de novos campos de golfe e eco resorts, que são pintados de verde e de eco enquanto ameaçam a integridade ecológica da região. Juntos Pelo Sudoeste falou sobre o seu foco atual, o rápido crescimento de hectares de estufas na costa vicentina que está associado a crimes contra os trabalhadores destas, à má gestão da água e à destruição de ecossistemas nesta zona supostamente protegida. Tamera apresentou a aliança regional pela água uma nova aliança que pretende consciencializar e mobilizar a população. Climáximo relembrou a ação de bloqueio na refinaria de Sines, a infraestrutura mais emissora do nosso país, da qual saíram dois projetos: o desenvolvimento por parte da campanha Empregos para o Clima de um estudo sobre transição justa na zona de Sines e o Acampamento 1.5.

Como alentejana por paixão e ativista por necessidade foi para mim totalmente escandaloso aperceber-me que tudo isto está a acontecer perto de mim, especialmente nestas terras onde a ligação à natureza é ainda muito atual, onde proliferam as eco aldeias, os projetos de permacultura e iniciativas de transição e solução face à crise ambiental.

Esta sessão frisou em mim que as pessoas certas já estão na linha da frente e que o que falta agora é juntarmo-nos todos a elas nesta luta para mostrar que não iremos permitir que se escolham os fins lucrativos ao cumprimento dos direitos humanos, à qualidade e abundância da nossa água, à fertilidade dos nossos solos e ao equilíbrio do nosso clima.