sexta-feira, 22 de março de 2024

UM POEMA de SOPHIA de MELLO BREYNER ANDERSEN

Data
 
Tempo de solidão e de incerteza
Tempo de medo e tempo de traição
Tempo de injustiça e de vileza
Tempo de negação
Tempo de covardia e tempo de ira
Tempo de mascarada e de mentira
Tempo que mata quem o denuncia
Tempo de escravidão
Tempo dos coniventes sem cadastro
Tempo de silêncio e de mordaça
Tempo onde o sangue não tem rastro
Tempo da ameaça
 
Poema intemporal e, como demonstra a realidade, reflecte a situação política, ideológica, social, económico-financeira e cultural com que estamos confrontados. Situação que nos foi imposta, pelas forças político-ideológicas reaccionárias que tomaram o poder à mais de quarenta e oito anos - Data: 25 de Novembro de 1975 -, e nos trouxe ao Estado a Que Chegámos.
Desde então, o Estado: poder legislativo, executivo e judicial, tem servido, única inclusivamente, os interesses das corporações financeiras e empresariais do capital - em detrimento dos direitos básicos da maioria esmagadora das pessoas, em particular das classes trabalhadoras -, prestando-lhe vassalagem e cumprindo escrupulosamente as ordens vindas do poder imperial, financeiro internacional, através do rotativismo político-partidário.
Como fica provado com a degradação dos serviços públicos, em particular o Serviço Nacional de Saúde, a Escola Pública, Transportes Públicos Colectivos, Habitação Social, acesso à Cultura, às Artes, ao Desporto e ao Lazer, por exemplo... Direitos básicos conquistados pelas pessoas e as classes trabalhadoras que, organizadas em movimentos sociais, populares e sindicais, criados com o derrube da ditadura fascista, através da luta quotidiana nos locais de trabalho e de habitação.
O caminho a percorrer é o da unidade, organização e acção para defender e conquistar a justiça social e climática, em todas as suas dimensões, através da liberdade, igualdade e fraternidade, e assim estancar a regressão social e acabar com as guerras e o colapso da vida, tal como a conhecemos.