Com algum distanciamento temporal já é possível um pequeno balanço dos trabalhos de plantação realizados pela Infraestruturas de Portugal, no passado mês de abril, na berma da EN 114, entre os quilómetros 42 e 43, junto à Senhora da Luz, em Rio Maior.
No final do mês de Abril apercebemo-nos da plantação muito recente de cerca de 25 carvalhos cerquinhos (Q. faginea), preenchendo espaços vazios do Túnel Arbóreo da Sra. da Luz. Estas plantas de aproximadamente de 50 cm de altura, localizavam-se em pequenas clareiras abertas na vegetação, a um distância da berma da estrada, entre os 2 e os 3,5 metros.
Dos carvalhos então plantados, são ainda visíveis, entre a erva, as silvas e o lixo, e apenas devido à rede plástica azul que rodeia seus pés, cerca de 14 plantas, ou seja, apenas cerca de 56% das árvores plantadas há 5 meses, a maioria já sem tutores.
A ideia de retomar a plantação de árvores nas bermas das estradas poderá ser louvável e bem intencionada, mas as boas intenções não são suficientes para garantir o sucesso de uma plantação de árvores. A plantação de árvores, sem a devida limpeza e preparação do terreno e sem manutenção nem rega, em Abril, com os verões longos e sem chuva que normalmente ocorrem em Portugal Continental, é a garantia de uma elevada probabilidade de insucesso. A distância das jovens árvores à via e o compasso a que foram plantadas são contrários à argumentação que a IP tem usado repetidamente, como justificação para as suas intervenções que tantos estragos têm causado ao património arbóreo coletivo – proximidade da berma da estrada e interferência com “gabarito rodoviário vertical”.
Investir recursos na produção de plantas em viveiro, no seu transporte e plantação, nestas condições, é revelador de má gestão de recursos públicos e de grande incapacidade técnica por parte de uma instituição que tem invocado a sua competência para decidir o corte de milhares de árvores ao longo das estradas do país.
Perguntamo-nos qual seria a expectativa dos técnicos da IP que planearam esta plantação? Que taxa de sucesso esperavam?
Esta plantação, que poderia contribuir para o enriquecimento e valorização do túnel arbóreo existente, evidencia a incapacidade e a inconsistência da IP na gestão do arvoredo das bermas das estradas.
Na área do Túnel Arbóreo da Senhora da Luz observa-se a regeneração natural de carvalhos e sobreiros e de algumas espécies arbustivas, como pilriteiros e adernos de folhas largas que, com uma intervenção mínima, de apenas o corte de silvas e a poda de formação de alguns indivíduos, poderia assegurar a continuidade e valorização do património arbóreo existente.
Não basta plantar, se o objetivo for obter árvores para o futuro. É necessário escolher os locais e a época adequados, preparar o solo e fazer o acompanhamento durante os primeiros anos. Para isso é necessária vontade e competência.