terça-feira, 5 de dezembro de 2023

1933 - 90 anos depois: vão ficar a assistir à ascenção do nazi/fascismo?

Nesse ano foi aprovada a Constituição, por plebiscito fraudulento, onde quem não votou contou como voto a favor, institucionalizando a ditadura fascista, corporativista, autocrata e totalitária - partido único: União Nacional - nesta região geográfica do planeta terra: Portugal.  Em 30 de Janeiro desse ano, numa outra região geográfica: Alemanha, o então presidente Hindenburg nomeou Adolf Hitler como chanceler do Reich, cedendo à pressão exercida pelos grandes industriais e banqueiros - a grande burguesia da Alemanha - e os partidos que representavam os seus interesses de classe. Isto é, o poder é oferecido ao Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores da Alemanha (Partido Nazi), sem ter obtido votos suficientes para tal, muito pelo contrário, nas eleições de Novembro de 1932 tinha sofrido uma quebra percentual de 4,2%, relativamente às eleições de Julho desse mesmo ano, ou seja, Julho 37,3% e 33,1% em Novembro. Tendo, como anteriormente aconteceu noutra região geográfica do planeta terra: Itália, instaurado também uma ditadura nazi/fascista, autocrata e totalitária, de partido único: Partido Nazi.

Vejamos, a ascensão do nazi/fascismo deriva de uma situação de crise provocada pela grande burguesia, e esta ser incapaz de a resolver, antes pelo contrário, agrava-a quotidianamente, com medidas que, para manter os seus privilégios e mordomias, aumentam os seus lucros e levam à miséria cada vez mais pessoas, em particular as que trabalham, produzem e mantém a engrenagem a funcionar, mas continuam a sobreviver miseravelmente. 

Neste contexto a revolta e a indignação aumenta, mesmo que sem um rumo definido e organizado, por isso mesmo, propício ao aparecimento de personagens demagógicas, capazes de dizer o que as pessoas, em cada situação concreta em que se encontra, no seu sector de actividade e função, querem ouvir, precisam de ouvir para manter a esperança, manterem-se à tona. Nenhuma dessas personagens diz efectivamente ao que vem, o que é que efectivamente pretende e que regime propõem, antes pelo contrário, falam da liberdade, da democracia, dos direitos dos marginalizados, dos discriminados, da defesa dos nacionais e do perigo dos estrangeiras para a soberania nacionalidade. 

Vejamos o caso do nazi/fascismo na Alemanha, surge devido a uma profunda crise económica e social, que a burguesia é incapaz de resolver, através da coligação dos partidos que representam os seus interesses que formam governos após governos, muito pelo contrário, os salários descem, o desemprego aumenta, tal como o custo de vida, etc. Neste contexto, a burguesia opta por recorrer a um partido que, até então era marginal, para assim resolver a crise, impondo o partido único, a ditadura mas, para salvaguardar a sua face, diz não ter nada a ver com isso, como se a ditadura instalada pelo partido que financiou e ofereceu o poder lhe fosse estranho.

Por outro lado, como o conceito de socialismo tinha aceitação nas pessoas que trabalham, produziam e faziam funcionar a engrenagem capitalista, este exército de reserva, a que a burguesia recorre sempre que se encontra num beco sem saída e presente estar em perigo, um partido capaz de impor uma ditadura totalitária e sanguinária, sem descurar os anseios de grande parte dos que estão revoltados e sem esperança, adoptando a designação de Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores da Alemanha. 

No actual contexto, os partidos que tem como fim a instauração de uma ditadura totalitária e autocrata, para ascender ao poder não precisam de recorrer ao conceito; socialismo, muito pelo contrário, todo o seu discurso é de ataque ao socialismo, comunismo, esquerdistas e todos os outros, excepto o capitalismo, o que é lógico, pois este é o sistema que defendem e servem, optando por siglas sem significado político, social, económico e cultural, isto é, não se comprometem com nada que os possa desmascarar, são exímios na farsa, no embuste, assim como na manipulação dos mais descuidados socialmente. 

António Rodrigues da Costa

Obras consultadas: História Universal - Imperialismo Moderno - Guerras Mundiais - A Década de 80, Círculo de Leitores, 1989, pp. 105 a 109 e 124 a 129.

História Universal Comparada - de 1900 aos nossos dias, Círculo de Leitores, 1984, pp. 114,115.