A noticia que partilhamos abaixo é do ano transacto, mas podia ser de HOJE.
Porque a situação repete-se, ano após ano, desde que a fábrica entrou em funcionamento (1965), e as autoridades «garantem “não ter encontrado vestígio de quaisquer descargas poluentes”». Obviamente, assim como não encontraram, nem detectaram, a mortandade verificada, no rio Maior/vala Real, desde S. João da Ribeira até desaguar no Tejo, no ano em que a fábrica iniciou a actividade.
Não houve barbo, sável, enguia, galinha de água, etc., que escapasse. A não ser os que as pessoas, em algumas localidades, conseguiram retirar a tempo, do leito do rio Maior/vala Real, e transportaram para outras linhas de água. Houve quem o fizesse, uma das pessoas, então jovem, que participou nessa labuta, integra os órgãos sociais da Centenária "Sociedade Recreativa Operária" de Santarém.
Desde então, como afirmou, com toda a propriedade - porque corresponde à verdade - a pessoa que deu origem à reportagem/notícia de "O Mirante", e, por receio de represálias, intimidações e outras formas de repressão, numa sociedade opressora, manteve o anonimato, “Quando era miúdo pescava aqui o que queria; barbo, sável, enguias. Mas desde que a fábrica da Tomatagro abriu, nos anos 60, nunca mais se viram aqui peixes” . E quando alguém introduz, em alguma parte do leito do rio Maior ou da vala Real, alguma espécie de peixe... Este não dura muito.
Sejamos claros: esta destruição só vai ser parada quando as pessoas se unirem, organizarem e, juntas, decidam por-lhes fim. E, ao mesmo tempo, iniciarem transformações profundas nos modos de produção, no modelo económico-financeiro, social e cultural.
Parafraseando Ruy Belo. Tudo isso é possível é só querermos.
Porque somos nós, os que trabalham e produzem riqueza, que garantimos, sustentamos e suportamos toda esta máquina destruidora, que nos mata lentamente e nos empurra para a catástrofe.
A propósito viram por aí abelhas, essenciais para a polinização da grande maioria dos alimentos para as espécies animal, inclusive a humana?
Populares denunciam poluição no rio Maior e apontam dedo a fábrica de tomate
Enquanto
guia a repórter de O MIRANTE pelo caminho entre mato cerrado e
canaviais até chegar às margens do rio Maior, em São João da Ribeira, um
habitante das redondezas, que pede para manter o anonimato, recorda os
tempos em que as águas se enchiam de peixes de toda a espécie. “Quando
era miúdo pescava aqui o que queria; barbo, sável, enguias. Mas desde
que a fábrica da Tomatagro abriu, nos anos 60, nunca mais se viram aqui
peixes”, lamenta.
Segundo populares, que vivem nas imediações da
unidade industrial, todos os anos o cenário repete-se: o leito do rio
enche-se de lamas alaranjadas e detritos provenientes da estação de
tratamento de águas residuais (ETAR) da fábrica. Este ano uma denúncia
anónima feita a O MIRANTE aponta o dedo ao mesmo problema: pouco tempo
após o início da campanha do tomate voltou a ficar evidente a poluição
causada no leito do rio Maior junto à Tomatagro. “Vê-se bem a diferença:
a montante da fábrica, a água está cristalina, mas a jusante não se vê o
fundo”, garante um morador que não quer ser identificado.
No
entanto, a Tomatagro declina responsabilidades. Contactada por O
MIRANTE, a empresa referiu que tem licença de descarga de água e que a
sua ETAR funciona em pleno. “Esta campanha já fomos alvo de duas
auditorias, elaboradas por organismos oficiais, das quais nada negativo
ficou registado e nenhuma acção de melhoria foi indicada”, respondeu
ainda a empresa.
De acordo com a denúncia que O MIRANTE recebeu,
tanques da fábrica são lavados com mangueiras de alta pressão
“directamente para o rio” e há quem tenha visto concentrado de tomate,
já podre, ser lançado no rio Maior. “Às vezes o rio fica todo vermelho e
o cheiro é nauseabundo”, afirmam. Os populares reclamam ainda que as
queixas feitas às autoridades sobre o que entendem ser uma “calamidade”
ambiental caem em “saco roto”: “a GNR vai inspeccionar a ETAR e diz que
está em conformidade, mas não vão ver como está o rio.”
O
vice-presidente da Câmara de Rio Maior, João Lopes Candoso, disse a O
MIRANTE que solicitou uma inspecção aos serviços da câmara na sequência
do nosso contacto, os quais garantem “não ter encontrado vestígio de
quaisquer descargas poluentes”. No entanto, o autarca frisa que vai
continuar a ser feito um “acompanhamento regular” da situação pelas
autoridades competentes.