sexta-feira, 11 de agosto de 2023

É ASSIM DESDE 1965, COM O APOIO E A COBERTURA LEGAL DO ESTADO PORTUGUÊS!

A noticia que partilhamos abaixo é do ano transacto, mas podia ser de HOJE.

Porque a situação repete-se, ano após ano, desde que a fábrica entrou em funcionamento (1965), e as autoridades «garantem “não ter encontrado vestígio de quaisquer descargas poluentes”». Obviamente, assim como não encontraram, nem detectaram, a mortandade verificada, no rio Maior/vala Real, desde S. João da Ribeira até desaguar no Tejo, no ano em que a fábrica iniciou a actividade.

Não houve barbo, sável, enguia, galinha de água, etc., que escapasse. A não ser os que as pessoas, em algumas localidades, conseguiram retirar a tempo, do leito do rio Maior/vala Real, e transportaram para outras linhas de água. Houve quem o fizesse, uma das pessoas, então jovem, que participou nessa labuta, integra os órgãos sociais da Centenária "Sociedade Recreativa Operária" de Santarém.

Desde então, como afirmou, com toda a propriedade - porque corresponde à verdade - a pessoa que deu origem à reportagem/notícia de "O Mirante", e, por receio de represálias, intimidações e outras formas de repressão, numa sociedade opressora, manteve o anonimato, “Quando era miúdo pescava aqui o que queria; barbo, sável, enguias. Mas desde que a fábrica da Tomatagro abriu, nos anos 60, nunca mais se viram aqui peixes” . E quando alguém introduz, em alguma parte do leito do rio Maior ou da vala Real, alguma espécie de peixe... Este não dura muito.

Sejamos claros: esta destruição só vai ser parada quando as pessoas se unirem, organizarem e, juntas, decidam por-lhes fim. E, ao mesmo tempo, iniciarem transformações profundas nos modos de produção, no modelo económico-financeiro, social e cultural.

Parafraseando Ruy Belo. Tudo isso é possível é só querermos. 

Porque somos nós, os que trabalham e produzem riqueza, que garantimos, sustentamos e suportamos toda esta máquina destruidora, que nos mata lentamente e nos empurra para a catástrofe.

A propósito viram por aí abelhas, essenciais para a polinização da grande maioria dos alimentos para as espécies animal, inclusive a humana?  


 

Sociedade | 18-09-2022 21:00

Populares denunciam poluição no rio Maior e apontam dedo a fábrica de tomate

Enquanto guia a repórter de O MIRANTE pelo caminho entre mato cerrado e canaviais até chegar às margens do rio Maior, em São João da Ribeira, um habitante das redondezas, que pede para manter o anonimato, recorda os tempos em que as águas se enchiam de peixes de toda a espécie. “Quando era miúdo pescava aqui o que queria; barbo, sável, enguias. Mas desde que a fábrica da Tomatagro abriu, nos anos 60, nunca mais se viram aqui peixes”, lamenta.
Segundo populares, que vivem nas imediações da unidade industrial, todos os anos o cenário repete-se: o leito do rio enche-se de lamas alaranjadas e detritos provenientes da estação de tratamento de águas residuais (ETAR) da fábrica. Este ano uma denúncia anónima feita a O MIRANTE aponta o dedo ao mesmo problema: pouco tempo após o início da campanha do tomate voltou a ficar evidente a poluição causada no leito do rio Maior junto à Tomatagro. “Vê-se bem a diferença: a montante da fábrica, a água está cristalina, mas a jusante não se vê o fundo”, garante um morador que não quer ser identificado.
No entanto, a Tomatagro declina responsabilidades. Contactada por O MIRANTE, a empresa referiu que tem licença de descarga de água e que a sua ETAR funciona em pleno. “Esta campanha já fomos alvo de duas auditorias, elaboradas por organismos oficiais, das quais nada negativo ficou registado e nenhuma acção de melhoria foi indicada”, respondeu ainda a empresa.
De acordo com a denúncia que O MIRANTE recebeu, tanques da fábrica são lavados com mangueiras de alta pressão “directamente para o rio” e há quem tenha visto concentrado de tomate, já podre, ser lançado no rio Maior. “Às vezes o rio fica todo vermelho e o cheiro é nauseabundo”, afirmam. Os populares reclamam ainda que as queixas feitas às autoridades sobre o que entendem ser uma “calamidade” ambiental caem em “saco roto”: “a GNR vai inspeccionar a ETAR e diz que está em conformidade, mas não vão ver como está o rio.”
O vice-presidente da Câmara de Rio Maior, João Lopes Candoso, disse a O MIRANTE que solicitou uma inspecção aos serviços da câmara na sequência do nosso contacto, os quais garantem “não ter encontrado vestígio de quaisquer descargas poluentes”. No entanto, o autarca frisa que vai continuar a ser feito um “acompanhamento regular” da situação pelas autoridades competentes.