“O Homem é
um ser eminentemente social”
Pergunto se não
estaremos abusando deste uso…
Não é que o
convívio não nos estimule. Mas falta-nos, verdadeiramente, aquilo a que
chamamos o estar em sociedade?
Se esse modo de
estar for o conceito de ver e ser visto, cumprimento de circunstância,
linguagem pró-forma na palavra e no gesto, simpatia quanto baste para que se
não confunda com indiferença ou antipatia, sorrisos de proximidade dentro dos
padrões da conveniência, expressões verbais repetidas, exauridas de significado
real…e muitos eteceteras mais; Não. Não me parece que isso nos faça
falta.
Precisamos muito
e sempre, de sentir o outro e de nos fazermos sentir ao outro. Necessitamos de
uma linguagem de verdade; de refrescar a terminologia dos afectos. Há muito
tempo que as palavras comuns com que nos ligamos ao outro, não nos
chegam…”Parabéns”, “sentidos pêsames”, e outras
expressões de tão trucidadas pelo hábito, ficaram esmagadas e sem préstimo.
Buscar as
atitudes com palavras e actos para transmitir sentimentos amistosos parece ser
prioritário, o que pede criatividade, seja na oralidade que surpreenda, ou na
atenção que o outro nos merece.
Falamos,
olhamos, cumprimentamos distraídos. Não prestamos atenção. Uma atenção que se
poderia caracterizar por um pensamento:”Neste momento em que estou
contigo, para mim, és o centro da minha atenção – não poderia estar em
qualquer outro lugar senão aqui, neste momento presente.”
Difícil? Só o
será enquanto não sentires o efeito regenerador de um olhar que pousa em ti
para ficar, mesmo que seja por instantes.
São, estes sim,
os encontros que nos preenchem.
O cumprimento
distraído – Bom-dia-passou-bem-bem-muito-obrigada, do
adeus-ó-vai-te-embora-que-eu-tenho-pressa, guardem-nos trancados no armazém das
coisas perdidas.
Agora que nos
baralharam a expressão, privaram-nos do toque, desmancharam sorrisos, e os
gestos morrem no ar, dá mais força ao dizer que acarinhas, admiras, amas...
Atrás do tempo
vêm tempos e outros tempos hão-de vir!
Manuela Marques