O poeta José Gomes Ferreira escreveu, no anos supracitado, o poema que passamos a transcrever:
II
(De repente a Natureza deixou de ser uma visão e surgiu-me como é: real)
Que voz é esta
que vem da floresta
e não do meu coração?
Pois os pássaros não cantam apenas
na minha imaginação?
Existem em cor e penas
na realidade desta canção
de mim tão alheia?
O pássaro autêntico
volta a ser ideia.
José Gomes Ferreira, Poeta Militante II, Círculo de Leitores, 2003, p. 9
Setenta e nove anos depois as vozes, que vem das monoculturas intensivas de madeira industrial, são de abandono, destruição e morte (nove mortos, vários feridos e casas e vidas destruídas, nos incêndios da semana passada).
Porque a floresta não passa de uma visão, e os pássaros cantam apenas na nossa imaginação...
Que voz é esta
que não vem da floresta
mas da nossa vontade?
Pois os pássaros cantam apenas
na nossa imaginação?
Inexistentes em cor e penas
na realidade desta canção
de mim tão alheia?
O pássaro autêntico
volta a ser ideia.
E se pegarmos e consolidarmos a ideia, em conjunto, e nisso nos empenharmos voltaremos ter floresta e pássaros de cores, penas e cantares diversos...
Tudo é possível é só querermos... Para isso, é necessário emanciparmo-nos, libertarmo-nos do jugo ideológico hegemónico, escravizador, e juntos e organizados mudamos o mundo para melhor... Onde a justiça seja lei.
Porque, quem espera nunca alcança... Mas, se adoptarmos a máxima de Aquilino Ribeiro: "Alcança quem não cansa", tudo será diferente...
Estás nas tuas, nas nossas mãos, resgatar o presente e construir o futuro... Este é, sempre foi e será, uma criação colectiva...
Não permitas que uns quantos, muito poucos, decidam por ti e te manipulem e tratem como mercadoria, um recurso a explorar até ao tutano, e a deitar borda fora assim que já não sirvas os seus gananciosos intentos..