Da nascente à foz
A destruição e transformação do rio em esgoto a céu aberto, iniciou-se na década de cinquenta do século XX, na então Vila de Rio Maior, com a instalação de uma indústria que transforma porcos em produtos derivados e, então, descarregava directamente para o rio as águas residuais, com consequências visíveis e inquestionáveis, num troço significativo do rio,.
Em 1965, com a entrada em funcionamento de uma indústria que transforma tomate em pasta, na localidade de S. João da Ribeira, a situação torna-se catastrófica porque, com as descargas das águas residuais directamente para o rio, matou todas as formas de vida (peixes, enguias, etc.) existentes no rio, no troço desde a fábrica (S.João da Ribeira) até à foz (Azambuja).
Desde então, a situação foi piorando, devido a terem-se adicionado muitas outras fontes de poluição como, por exemplo, a pecuária, a produção intensiva de porcos em recintos fechados (suiniculturas) e as monoculturas agrícolas industriais que recorrem a produtos químicos tóxicos, que atentam contra a biodiversidade, a fertilidade dos solos, a qualidade do ar e da escassa água doce acessível e a tornam imprópria para consumo humano, quer as linhas de água superficiais como as subterrâneas, assim como a saúde das pessoas, e matam os insectos polinizadores, em particular as abelhas.
Até agora, no essencial, apesar das movimentações esporádicas das pessoas que pressionam as autoridades oficiais, tanto locais como centrais, o problema mantêm-se e ganha maior dimensão, como a realidade prova e demonstra, através do ar pestilento, a cada vez mais escassa presença de insectos polinizadores etc., e a situação em que se encontra o rio Maior. Com troços cobertos por jacintos de água, o que inviabiliza a existência de todo e qualquer espécie de vida.
Com a seguinte particularidade: as autoridades locais, em particular os executivos camarários e de juntas de freguesias, quando pressionadas pelas pessoas, através de abaixo-assinados, idas às assembleias municipais e da República, notícias nos órgãos de comunicação social locais e/ou regionais, mudam a retórica e, publicamente, prometem tomar medidas, dentro das suas competências, para resolver o problema, até criam grupos de trabalho com esse fim, supostamente. Com o intuito de descartar responsabilidades e criar a percepção, nas pessoas, que a responsabilidade é única e exclusivamente do poder central, quando a responsabilidade é de ambos. Porque resulta do modelo económico-financeiro, produtivo, social e cultural que a ideologia política no poder à 48 anos construiu, dando continuidade ao legado pelos outros 48 anos de obscurantismo, derrubados em Abril de 75.
Proposta de construção de Ecovia ao longo do percurso do rio Maior
Proposta apresentada pelos colectivos: Movimento Cívico Ar Puro (Rio Maior); Eco-Cartaxo e Movimento Ecologista de Vale de Santarém - todos membros do proTejo-Movimento pelo Tejo - a todos todos os, então, executivos das câmaras municipais de Rio Maior, Santarém, Cartaxo e Azambuja, formal e publicamente à cerca de nove anos. Os movimentos proponentes não obtiveram resposta, directa ou indirecta, por parte dos então executivos das Câmaras mas, acresce o seguinte:
Rio Maior: durante a campanha eleitoral para as autárquicas seguintes, uma das promessas era a construção de uma Ecovia no concelho, aproveitando o antigo ramal ferroviário;
Santarém: rejeitou-a em assembleia municipal;
Cartaxo e Azambuja: não temos conhecimento que tenham tomado qualquer posição sobre o assunto.
Proposta de construção de Ramal Ferroviário
Nós defendemos a construção de um ramal ferroviário que ligue a linha do Oeste à linha Norte/Sul, para transporte de pessoas e bens, contributo imprescindível para suprir a falta de transportes públicos, em toda esta região, e criando condições para uma mais e melhor fluidez na mobilidade das pessoas, entre localidades, concelhos, distritos, regiões e territórios servidos pelas infra-estruturas ferroviárias existentes. Inserido numa estratégia integral de combate às alterações climáticas.
Por último, estas questão já se arrastam à tempo demais e, como está provado e comprovado, como é consequência do modelo de organização política, económico-financeira, produtiva, social e cultural, só com a participação activa e organizada das pessoas é possível mudar a situação, para melhor, para pior já basta assim. Porque, a situação do rio Maior e da região hidrográfica em que se insere, está interligado com situações semelhantes que se verificam em todo o território, em todo o planeta Terra e, também, com as injustiças sociais e climáticas.
Juntos e Organizados Podemos Transformar o Mundo: Para Melhor. Para Pior: Já Basta Assim.