quarta-feira, 1 de maio de 2024

Por uma ecovia na margem do rio Maior


Assinalo, como muito positivo, o trabalho desenvolvido pela Câmara de Santarém na reabilitação de rios e ribeiros do concelho, e que importa manter e preservar. Saliento a importância de promover a ligação das populações ao mesmo objectivo, procurando que sejam activos praticantes e defensores de um presente e sobretudo de um futuro que, não havendo mudanças muito significativas, em todos os níveis das sociedades, dos governantes e dos dirigentes de empresas, em especial, e dos cidadãos, em geral, há-de ser catastrófico, e as evidências de hoje já são suficientes para o prever.
Que igual trabalho seja feito, também, noutros cursos de água do concelho, salientando que no ribeiro do Vale de Santarém continuam os cortes e retenções de água feitos por alguns usurpadores de um curso de água que deve correr livre, assim como no rio Maior / Canal de Asseca e/ou da Azambuja, poluído há dezenas de anos, com os combros a serem danificados ao longo dos anos e, no leito do rio/canal, em muitas zonas, autênticas florestas nasceram dentro deste importante curso de água da região e, além disso, enormes manchas de jacintos alastram há anos, com as consequências para as quais os especialistas tanto têm avisado.
Também nos combros do rio Maior (Canal ou Vala de Asseca, ou de Azambuja) poderia haver uma ecovia, desde a nascente à foz (em Azambuja) aproveitando também o antigo ramal ferroviário, de Rio Maior ao Vale de Santarém, completamente desaproveitado e até, em algumas zonas, já usurpado por alguns, segundo soube, que acrescentaram por essa via metros e metros, do antigo ramal, às suas propriedades.
Ora, os Movimentos Ecologistas, ao longo deste curso de água (Movimento Ar Puro, de Rio Maior, Movimento Ecologista do Vale de Santarém, e Eco-Cartaxo) apresentaram há anos, em termos formais, exactamente a ideia da criação dessa ecovia, não só à C.M. Santarém mas também às outras câmaras das margens do rio: Rio Maior, Cartaxo e Azambuja.

Aqui está um projecto do maior interesse, que se poderá integrar nos objectivos que, tanto a CM Santarém, como as outras, onde o rio Maior existe, poderão vir a considerar, para, no concreto, melhor corresponderem às exigências que o presente (e já com muito atraso…) temos pela frente, sob pena de sermos vítimas dos malefícios gigantes que andamos a fazer à nossa casa comum – A TERRA.

E, também por esta via, se promove envolvimento das pessoas para aumentar o nível da Literacia Ambiental no Território, mais conhecimento, experiência e interpretação sobre a importância do valor dos ecossistemas naturais, se relaciona a crise climática com o estado ecológico dos rios e ribeiras – a crise da Biodiversidade – e se suscita a reflexão sobre a imprescindibilidade da qualidade da Água Doce e da Biodiversidade, associada aos ecossistemas aquáticos mediterrânicos que possuem espécies únicas de fauna e flora, se dá um importante contributo para preservar os recursos naturais do Planeta, e se promove a consciência e a obrigação de deixar um mundo melhor para as gerações vindouras, continuando a poder usufruir de todo um património natural, que a própria Constituição da República Portuguesa prevê caber a cada cidadão, para além das instituições, falando dos direitos e deveres que nos cabem, para esse fim, de benefício colectivo: TODOS NÓS. Oxalá, na CM Santarém, como nas outras câmaras da região haja reflexão e acção para este fim.

Aqui volto a deixar o meu contributo, como cidadão e membro do Movimento Ecologista do Vale de Santarém, integrado no proTEJO.

Manuel João Pereira Sá

Artigo originalmente publicado no Mais Ribatejo a 27 de Abril, 2024