terça-feira, 25 de abril de 2023

25 DE ABRIL: O SANGUE DERRAMADO DAS ÚLTIMAS VÍTIMAS DA DITADURA FASCISTA

Na quinta-feira, dia 25 de Abril de 1974, enquanto o impasse se prolongava no Largo do Carmo, devido ao extremo cuidado, por parte do capitão Salgueiro Maia que comandava as tropas que sitiavam o quartel do Carmo (GNR), que tinha acolhido o presidente do conselho e o ministro dos negócios estrangeiros, para evitar derramamento de sangue ou estragos no património estatal (quartel da GNR), deu-se o cerco espontâneo da sede da PIDE/DGS, pelas pessoas que celebravam o fim da ditadura e apontavam o caminho que, desde logo, era necessário trilhar: extirpar pela raiz o aparelho repressivo do estado.

Perante a ausência de qualquer força militar, do movimento dos capitães, com vista a ocupar as instalações da polícia política assassina da ditadura (PIDE/DGS), as pessoas cercaram o edifício e gritavam: FIM à PIDE; VIVA A LIBERDADE; FASCISMO NUNCA MAIS. A PIDE respondeu, colocando os seus assassinos e trucidantes agentes nas varandas e janelas, varrendo com rajadas de metralhadora, as pessoas que expressavam o seu sentir, ferindo dezenas de pessoas, destas, as que foram aos hospitais para serem tratadas aos ferimentos, foram detida pela Polícia de Segurança Pública (PSP) e entregues à PIDE.

Enquanto tombados no chão, frente à sede da criminosa PIDE/DGS - polícia política da assassina ditadura fascista e colonialista - a esvair-se em sangue estavam quatro jovens corajosos que nos apontavam o caminho a seguir, cujo nome foi apagado da memória e da história, dos acontecimentos factuais do próprio dia 25 de Abril, apagando e branqueando a verdadeira face da ditadura, tal como o têm vindo a fazer desde então, a classe social que se foi instalando, retomando o poder, após um período de completo desnorte e fraqueza política, face ao forte movimento social e popular que espontâneamente se gerou no próprio dia 25 de Abril, com as pessoas na rua, a celebrar com emoção e grande fraternidade e solidariedade entre elas.

Para que conste, e a memória não nos seja roubada, aqui ficam os nomes daqueles que nos apontavam o caminho a seguir e foram assassinados, no dia 25 de Abril de 1974, pela ditadura fascista/colonialista:

José James Barneto, 37 anos; Fernando Luís Barreiros dos Reis, 24 anos; João Guilherme Rego Arruda, 20 anos; Fernando Carvalho Gesteira, 18 anos.

Como fica demonstrado: é falso que a ditadura fascista/colonialista caiu sem derramamento de sangue. 

Sendo verdade que o golpe de estado que derrubou a ditadura fascista/colonialista, levado a cabo pelo movimento dos capitães, não derramou nenhuma gota de sangue, muito pelo contrário, defendeu, protegeu e salvaguardou os seus mais altos criminosos representantes e todos os seus acólitos, inclusive, os que assassinaram, no próprio dia 25 de Abril de 74, os quatros jovens acima relembrados.