terça-feira, 1 de agosto de 2023

O ESTADO DECLAROU GUERRA A ÁRVORES DE GRANDE PORTE!


 

 

AQUI HAVIAM ÁRVORES DE GRANDE PORTE 

(Estrada que liga a Nacional 114 ao Lugar da Lezíria - S. João da Ribeira.)

 

 

 

Isto ainda é mais estranho, porque não é na Estrada Nacional 114, mas numa estrada camarária, por isso, da responsabilidade da Câmara Municipal de Rio Maior e não da Infraestruturas de Portugal.

Foi e vai continuar a ser assim ao longo da 114 e por todo o território, com argumentos ridículos e mentirosos, como, por exemplo; prevenir incêndios e aplicar a respectiva lei. O que é falso, porque a lei determina que é necessário uma faixa de 10 metros sem árvores, em ambos os lados de uma estrada, mas quando essa mesma estrada está ladeada por um aglomerado florestal. O que não se verifica em nenhum destes casos. 

O Estado declarou guerra às árvores de grande porte, que capturam e armazenam Dióxido de Carbono (gás com efeito de estufa) e, entre muitas outras coisas, produzem Oxigénio, dando, assim, continuidade à senda criminosa (ecocídio - destruição intencional de um ecossistema.) que vai levar a humanidade à catástrofe, se não nos organizarmos e mobilizarmos para o travar.

A este propósito, publicamos o texto que o cidadão João Correia teve a amabilidade de partilhar connosco.


Fiquei em estado de choque perante o abate de grande parte destas árvores, pois resido nesta zona praticamente desde que nasci (há 50 anos) e nunca pensei assistir a um grau de insensibilidade e desconsideração desta ordem, a pretexto da aplicação de uma lei que nos deverá proteger do flagelo dos incêndios. 

Por exemplo, qual o contributo de um Carvalho-cerquinho isolado, com 80 cm de diâmetro no pé, a cerca de 3 metros da estrada, para o agravamento de um incêndio? 

Ou qual o racional de remover um renque completo de árvores (Freixos) que ajuda a evitar movimento de massa num talude inclinado junto à estrada, numa zona sem contínuo florestal?

Estes cortes são feitos ao abrigo da legislação de prevenção dos incêndios em vigor, mas muitas suspeitas se levantam quanto ao destino da madeira e às verdadeiras motivações para o corte de umas árvores e não de outras.

Mas, a nível nacional, regista-se o abate de milhares e milhares de árvores, em muitos casos, desnecessário.  

Estes cortes são um rude e decisivo golpe na beleza paisagística, do sombreamento das estradas e da biodiversidade. 

Alguém está a avaliar a forma como se aplica esta lei? Será que está bem feita? 

Será que não se banalizou o corte de árvores de grande porte, algumas centenárias, como se fossem simples ervas que voltam a crescer passado alguns meses, com efeitos muito duvidosos na almejada prevenção de incêndios?

E o que isto acarreta em termos de alteração cultural perante as árvores e a natureza em geral? Não será o Estado a contribuir fortemente para que o cidadão entenda os recursos naturais como coisas descartáveis, com toda a leveza e frivolidade que somos capazes?
 

João Correia