terça-feira, 9 de agosto de 2022

10 razões para o gás fóssil liquefeito ser a escolha errada para a Europa


A campanha gás é andar para trás traduziu para Português o Relatório “GNL: O caminho Líquido para o Caos Climático – 10 razões para o gás fóssil liquefeito ser a escolha errada para a Europa” realizado pela Food and Water Action Europe e Friends of the Earth Europe.

 

 

Introdução

O “Gás Natural Liquefeito” (GNL) tem sido objeto de grande atenção. O custo do gás fóssil tem aumentado desde 2021 e a terrível invasão da Ucrânia por parte das forças russas obrigou os governos a tentar arranjar formas de terminar com a dependência europeia dos combustíveis fósseis russos. Em conjunto com a necessidade de acabar com a dependência de combustíveis fósseis o mais rapidamente possível de forma a mitigar os impactos das alterações climáticas e manter o aquecimento global abaixo dos 1,5 ºC, estas situações criaram algum burburinho em torno do GNL. Mas afinal o que é o GNL e porque é que é tão importante? Este relatório pretende fazer soar o alarme sobre a implantação de GNL na Europa, como uma tentativa de deter preocupações com a segurança energética. O documento apresentará dez argumentos-chave que demonstram os maiores problemas que o GNL representa.

Mas, primeiro, uma explicação sobre o que é realmente o GNL.

O GNL refere-se ao gás fóssil que é transportado não em formato gasoso através de condutas de gás, mas refrigerado a 162 ºC negativos, o que o torna liquefeito e transportado a longas distâncias em navios. Isto significa que quando falamos de GNL na Europa, referimo-nos a gás que é extraído, convertido à sua forma líquida e transportado pelo oceano, convertido novamente à sua forma gasosa e depois bombeado para a rede de gás europeia, para aquecer e arrefecer casas e alimentar energeticamente atividades industriais. 

As importações de GNL perfizeram 20,5% do consumo de gás fóssil na Europa em 2021 [1] e, com a pressão para terminar com as importações de gás russo, os governos estão agora a procurar GNL de fontes não-russas para responder à demanda. 

A mobilização para deixar de depender do gás russo é necessária e urgente para ajudar a acabar  com a guerra na Ucrânia, ao reduzir os lucros que Putin pode usar para a sua máquina bélica. No entanto, devemos ter cuidado para não deixar que preocupações sobre as demandas energéticas a curto-prazo levem a Europa a ficar refém de negócios caros e a longo-prazo que prendam os consumidores a infraestruturas de combustíveis fósseis e dependências energéticas ainda mais sujas no futuro. 

O uso de gás fóssil a longo-prazo é incompatível com um clima seguro e isto necessita de ser o ponto fulcral para fazer com que a Europa deixe os combustíveis fósseis de uma vez por todas. 

Este relatório oferece contra-argumentos sobre o papel superinflacionado em que se está a posicionar o GNL no futuro energético europeu e demonstra que, ao contrário do que se faz parecer, o GNL é uma distração perigosa da transição energética justa de que o planeta precisa.

10 razões para o gás fóssil liquefeito ser a escolha errada para a Europa

  1. O GNL não irá terminar com a dependência europeia de combustíveis fósseis;
  2. O novo GNL não aborda a crise energética atual e irá atrasar a transição justa;
  3. Mais GNL significa um aprisionamento ao gás fóssil e mais infraestruturas para combustíveis fósseis;
  4. O GNL é mau para o ambiente;
  5. O GNL não serve para quem sofre de pobreza energética;
  6. O GNL continuará a render lucros crescentes para as indústrias de combustíveis fósseis;
  7. O GNL impulsiona a fraturação hidráulica: um desastre para a nossa saúde e o meio ambiente;
  8. O GNL produz e alimenta conflitos;
  9. O GNL é perigoso;
  10. O GNL é uma distração. Existem soluções comprovadas para abandonar o gás;