terça-feira, 9 de setembro de 2025

CARTA ABERTA


Concidadãs e concidadãos, a todas as pessoas que vivem no concelho de Rio Maior, e não só, se nos permitem, colocamos à vossa consideração e convidamos-vos a pensar e reflectir connosco sobre a notícia incluída na página 6, do Boletim Municipal de Rio Maior, n.º 17 de Junho de 2025, com o título seguinte:

«Reabilitação da Casa Ruy Belo a bom ritmo»

Perante uma notícia destas só poderíamos concluir que, após décadas de abandono a que a casa esteve sujeita, finalmente as obras, necessárias e urgentes, de reabilitação prometidas, recorrentemente prometidas, em cada campanha de propaganda eleitoral autárquica, tinham começado...

Mas não, a realidade desmente a notícia, a casa já não existe, foi demolida, ruiu, porque lhe tiraram o telhado, em época de chuvas e, como era de adobes, ruiu, na prática, para além de décadas de abandono e degradação, foi demolida.

Por isso, não é possível a «obra de reabilitação e conservação» de uma casa que não existe.

Ficou o local, não a casa, onde o poeta, ainda menino, olhava pela janela o rio Maior e imaginava o rebentar do mar que já conhecia «das páginas dos livros que já tinha lido». Nessa casa ninguém vai poder entrar e pisar o mesmo soalho que o poeta pisou, nem andar «dentro dela de janela em janela», como o poeta andou...

Porque nada disso existe, nada disso tem reabilitação e conservação possível...

As obras que estão a decorrer, no local, são de construção de uma casa, e não de reabilitação e conservação, como está escrito no edital da obra, da casa onde nasceu e viveu o poeta Ruy Belo...

Esta lastimável situação, sendo da responsabilidade do executivo camarário e da junta de freguesia local, vai custar às pessoas que pagam impostos, directos e indirectos, pelo menos, 530 mil euros, segundo o que veio a público.

Consideramos que, perante este vergonhoso processo, é no mínimo exigível que a verdade seja reposta e a propaganda enganosa extirpada.

E isso só é possível com a participação organizada e continuada das pessoas que não abdicam dos seus direitos e deveres cívicos, em defesa da verdade, da cultura, da história, do património e da memória colectiva da comunidade.