«O
projecto foi promovido pela empresa TECNOVIA e consistia basicamente em
se criar na zona da pedreira que esta empresa já possui no lugar de
‘Senhora da Luz’ uma cimenteira. A TECNOVIA pretendia investir cerca de
100 milhões de euros e criar cerca de 100 postos de trabalhos.
O
projecto começou logo a gerar muitas desconfianças pois foi posto em
consulta pública no mês de Agosto e sem ser publicitado. O local
pretendido para a implementação da cimenteira foi o grande ponto de
discórdia pois fica numa zona protegida, ás portas da cidade de Rio
Maior e como os ventos dominantes são de Noroeste as finas partículas
resultantes da moagem iriam-se espalhar por todo o concelho podendo
provocar problemas de saúde a todos os seus habitantes. A passagem de um
elevado número de camiões pelas estradas locais e a aparente
incompatibilidade de se querer uma cidade do desporto com a cimenteira,
levou a que um grupo de cidadãos se começasse a mobilizar.
Foi
criada uma petição na Internet ‘Em defesa do Desenvolvimento e do
Ambiente de Rio Maior’ que contava mais de 300 assinaturas, envolvimento
do movimento cívico ‘Ar Puro’ que promoveu um debate sobre o projecto
da cimenteira e outras iniciativas que foram realizadas com o intuito de
questionar o projecto e reduzir ou eliminar os seus pontos mais
negativos. O projecto foi de imediato contestado por diversas
organizações ambientalistas que emitiram pareceres negativos, como a
Quercus, a Oikos e a Geota.
As razões do chumbo do Ministério do Ambiente foram basicamente as seguintes:
- Incompatibilidade do projecto com os instrumentos de gestão territorial
(Lembrar
que a cimenteira iria ficar dentro da ‘Rede Natura 2000 PTCON 0015’,
ser vizinha do ‘Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros’ e
situar-se a menos de 2Km da cidade de Rio Maior).
- Grande perturbação no trânsito
(Estava
previsto o trânsito de cerca de 20 camiões por hora o que iria
sobrecarregar as estradas, nomeadamente a estrada nacional 1).
- Falta de clareza e ambiguidades quanto ao processo de fabrico
(No projecto que foi levado a consulta pública nada indicava o tipo de equipamentos que iriam ser instalados).
- Falta de justificação para a construção da fábrica de cimento
(Num
raio de 60km existem já 3 cimenteiras e devido à crise económica
actual, a capacidade instalada no país para o fabrico de cimento é
claramente excedentária).
- A futura linha do TGV Lisboa-Porto deverá atravessar na área pretendida para a construção da cimenteira
(A
criação da cimenteira iria obrigar a redesenhar o traçado da ligação de
alta velocidade entre Lisboa e Porto ou então, à cimenteira ir buscar a
matéria-prima integralmente a outras pedreiras pois a linha de comboio
vai provavelmente implicar a paragem da pedreira).
Penso
que as razões do chumbo da proposta para a criação da cimenteira são
razoáveis e que de alguma forma vão ao encontro das pretensões de grande
parte dos habitantes do concelho. É legitimo pensar que em tempo de
crise não se deva rejeitar investimentos e postos de trabalho, mas este
projecto poderia trazer grandes problemas de saúde para os habitantes,
bem como a perda de investimentos e postos de trabalho noutros sectores.
Não sou contra a cimenteira, não concordo é com a localização proposta.»
(Américo Cardoso)